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28 de fevereiro de 2022

Terapia Cognitiva Pós-Racionalista

A Terapia Cognitiva Pós-Racionalista é um modelo psicoterápico proposto pelo psiquiatra italiano Vittorio Guidano, entre o final dos anos 80 e início dos 90 (séc. XX). Está entre as terapias cognitivas porque não concebe a mente como passiva, simples processadora de informações, percebe-a como ativa, capaz de organizar as experiências vividas não somente através de explicações cognitivas, mas também por meio das emoções e dos estilos afetivos, extraindo deles significados que darão origem à identidade dos sujeitos – por isso, é pós-racionalista.

Diferente do modelo cognitivo comportamental clássico, proposto por Aaron T. Beck, que pressupõe a existência de uma realidade única (objetiva), influenciando o cliente transformar suas crenças disfuncionais em crenças ditas adaptativas (modelo racionalista), a terapia cognitiva pós-racionalista concebe a realidade como pluridimensional e subjetiva, dá protagonismo ao cliente, propondo que ele mesmo realize a reconstrução de sua experiência imediata por meio da auto-observação. Quanto maior a consciência de si, melhor a organização da experiência imediata e maior a possibilidade de reorganização pessoal.

Principais conceitos:

Relação terapêutica: estabelecida entre terapeuta e cliente, por meio de bases afetivas e seguras, vai além da simples exploração pessoal.

Auto-observação: método em que o terapeuta conduz estrategicamente o cliente a reconstruir sua experiência imediata e, com isso, a se auto-oganizar.

Organização de Significado Pessoal (OSP): conceito criado a partir do vínculo estabelecido entre a criança e os pais (Bowlby – Teoria do Apego). Esse vínculo é o principal modelador da identidade pessoal do sujeito.

Para Guidano, existem quatro organizações de significado pessoal que darão sentido ao desenvolvimento emocional e à construção do Self. São as OSP’s depressiva, fóbica, obsessiva e de desordem alimentar (dap).

“Na OSP depressiva, a tonalidade emotiva relaciona-se com experiências que se caracterizam pela trama afetiva de abandono ou perda.”
“Na OSP fóbica, o padrão de apego é evitativo e a tonalidade emocional relaciona-se com o medo de não conseguir desempenhar o que se almeja.”
“Na OSP obsessiva, a tonalidade emotiva é dada pela dualidade e pelo padrão de apego ambivalente.”
“No caso da OSP dap, temos um padrão de apego ambivalente, produzindo como tonalidade emocional básica o medo de desagradar.”


Por Fabiana Moura – Psicóloga

Fonte:

LIMA A. T. ALVES, D. L. As Dimensões do Self na Terapia Cognitiva Pós- Racionalista.

Revista Brasileira de Psicoterapia, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 81-93, mai 2020. Disponível em: http://rbp.celg.org.br/detalhe_artigo.asp?id=356 Acesso em: 16 fev. 2022.

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