Embora eu atenda adolescentes, adultos e idosos, não por acaso, tenho notado um aumento expressivo na quantidade de pacientes com mais de 60 anos que tem chegado ao consultório. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será, até 2025, o sexto país do mundo em número de idosos. Por isso, é comum perceber não apenas a busca pela melhoria da qualidade de vida dessa parte da população, como também uma maior preocupação com a saúde mental dessa faixa etária, o que tem gerado, consequentemente, o crescimento da procura pela psicoterapia.
A partir da minha experiência em consultório, tenho notado que é muito comum que familiares procurem atendimento psicológico para seus parentes idosos a partir das mais diversas demandas, que vão desde a sensibilização em relação a diagnósticos bastante comuns na fase de envelhecimento como é o caso das Demências (especialmente a Doença de Alzheimer), do Parkinson, do Diabetes, entre outros, até relatos de Depressão causada pela perda de pessoas próximas.
No entanto, se esses são os principais motivos da procura pela psicoterapia, no caso dos idosos, eles não são os únicos aspectos a serem tratados. A psicoterapia voltada para pacientes idosos pode ter objetivos bem mais amplos, como melhorar a qualidade de vida, de maneira geral; lidar com questões relacionadas à solidão e ao luto, quando é o caso; além de elaborar mudanças que podem gerar ansiedade e frustração, se não forem tratadas, como é o caso daquelas associadas aos papéis sociais e familiares ocupados pelo idoso.
“Me aposentei! E agora? O que vou fazer da vida? Aproveito minha aposentadoria sem culpa ou continuo trabalhando para complementar minha renda, mas na medida das minhas possibilidades? Será que consigo um trabalho com essa idade? ”; “Fiquei viúvo (a), não quero viver sozinho (a), mas também não quero morar com os meus filhos, gosto da minha casa! Como resolver esse impasse? ”; “Eu sempre quis viajar pelo mundo, agora que meus filhos são independentes e que não preciso mais trabalhar, vou realizar meu sonho! ”; “Me aposentei, mas ainda estou vivo (a)! Quero ter uma vida ativa: sair para me divertir com amigos (as), cursar a faculdade que eu não pude fazer quando era mais novo (a), fazer dança de salão, namorar. ”
Além desses aspectos, uma pessoa com mais de 60 anos pode ter sintomas e queixas relacionadas a outras questões que não o envelhecimento. As estruturas de personalidade não nos abandonam quando a idade avança e a psicoterapia é sempre eficaz nos mais diversos casos.
O atendimento psicoterápico, no caso dos idosos, como em todos os casos, visa a acolher e ajudar o paciente na elaboração de suas fragilidades e sofrimentos como também auxilia em seu autoconhecimento, ampliando, assim, sua percepção sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre o futuro, a partir de novas perspectivas.
Por Fabiana Moura – Psicóloga
Fonte:
Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução Suzana Gontijo – Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 2005.